“Tchekhov – Dramaturgia e Memórias do Processo de Montagem” é uma viagem rumo à Rússia criada pela dramaturga Ana Rosa Genari Tezza. O primeiro ato da peça nasce da indagação sobre quem seria e de onde viria Aniuta, personagem do conto homônimo de Tchekhov. Assim, a peça retrata a saga da jovem cigana que chega à cidade de Moscou após uma longa aventura e conhece um estudante de medicina que a atende. O segundo ato é criado a partir de cartas trocadas entre Tchekhov e seus companheiros artistas que, nesse período, se debruçaram sobre a montagem do espetáculo “A Gaivota”. Esses artistas eram verdadeiros cientistas de sua arte e se dedicavam ao seu ofício com um afinco extenuante. Por meio de depoimentos dos artistas da Trupe Ave Lola, a obra também revela os bastidores de criação do espetáculo que estreou na cidade de Curitiba no ano de 2013.

Autora: Ana Rosa Genari Tezza
Ano: 2023

Classificação: livre

O processo criativo do Tchekhov – Dramaturgia  e memórias do processo de montagem

Bom, como vocês sabem a Ave Lola é uma Trupe de Teatro. Não, pera… A Ave Lola é uma editora. Não… Calma… A Ave Lola é um grupo de amigos com um sonho e um propósito em conjunto. Não… A Ave Lola é uma produtora audiovisual. 

Não… Não é bem isso… 

Acho que agora sei: a Ave Lola é um grupo de amigos muito profissionais, com um sonho em comum que é produzir arte e cultura neste país. Nos últimos 12 anos já criamos peças de teatro, filmes, webséries, livros, festas, e muitas outras coisas que alimentam nossas almas e corações. 

A Publicação Literária do Tchekhov é um desses projetos e tudo começou com uma peça de teatro feita em 2014. Uma peça chamada Tchekhov, que fez tanto sucesso, que quando chegavamos no nosso pequeno teatro na Rua Portugal, lá pelas 2 horas da tarde, para organizar tudo pro público, já tinha fila na porta. Fila que dobrava a rua. E isso que a peça só começava as 8 da noite! 

É. A Ave Lola fez teatro independente parecer um show badalado. 

Bom, pelo menos era assim que sentíamos. 

Os anos se passaram e aqui estamos, 04 espetáculos depois e Tchekhov ainda é o queridinho de muitos dos nossos públicos cativos. 

Foi por isso que decidimos publicar um livro, com memórias sobre o processo de criação e com a dramaturgia original dessa peça. 

Então, agora, Tchekhov é um autor Russo, uma peça de teatro premiada e um livro de dramaturgia. 

Mas calma. Eu já me perdi aqui e o objetivo desse texto é e sempre foi: contar para vocês o processo de criação deste livro. Compartilhando, por entre as cortinas, os detalhes dessa mais nova publicação da Trupe Ave Lola. 

Pra gente botar a mão na massa e começar a escrever o livro, o primeiro passo foi fazer uma série de entrevistas com as pessoas que ajudaram a construir essa obra. Então, nos primeiros meses conversamos com atores, atrizes, iluminadores, músicos, cenógrafos, o produtor e a diretora da peça. 

A partir dessas conversas e das diferentes perspectivas sobre o processo de criação deste espetáculo, a Zazá, a Ana Rosa e eu (a Laura), começamos a desenvolver os textos que contam pra vocês como foi que de um tablado de madeira simples, construiu-se a história do espetáculo “Tchekhov”.. Lá no livro, tem observações incríveis sobre esse trajeto criativo feitas pela Ana Rosa, diretora e dramaturga da obra. Além de histórias da Regina Bastos, Evandro Santiago, Marcelo Rodrigues e Helena Tezza. Bom, se eu for contar tudo aqui, ninguém vai ler o livro, então, sigamos. 

Depois dos detalhes digno dos voyeurista de teatro, que entregamos nos primeiros capítulos, o livro conta também com a dramaturgia na íntegra do espetáculo. 

Para publicar a dramaturgia, nós revisamos o texto que já tinha sido desenvolvido para o espetáculo. Incluímos alguns textos pequenos, para que os leitores, a partir do papel, compreendessem aquilo que estaria a se passar no palco da Ave Lola. 

Bom, a sequência vocês já sabem. A Ana Rosa, Zá e eu, relemos aproximadamente 1766193038294 vezes o texto. Criticamos, mudamos, incluímos, retiramos, puxamos, encolhemos e escutamos, até que achamos que o texto do livro estava digno da peça. 

Mandamos a versão final para revisão. Depois desta revisão fizemos uma adequação e lá voltou ele, o texto, para a sua segunda revisão profissional, feita pela Ana Mira, nossa querida parceria. 

Agora, era a hora de escolher as fotos que melhor representavam o espetáculo. Tudo foi pensado para que nossos leitores pudessem, de fato, visualizar o que foi a montagem do Espetáculo Teatral, dando as dimensões do cenário, as texturas dos figurinos, a potência das atuações, os recortes de luz, a dinâmica da direção e o ritmo da peça.

Escolhidas as fotos, falamos com nosso amigo e exímio fotógrafo, Maringas Maciel, que tratou as fotos escolhidas para que elas pudessem estar na melhor qualidade para vocês. 

Ahhh, meu deus! Esqueci de dizer. 

Enquanto tudo isso acontecia (as entrevistas, o texto, as fotos e as revisões), tínhamos uma dupla imbatível trabalhando na diagramação e ilustração do livro, Gabriel Rischbieter e Sergio Trevisan. Gabriel estudou o texto e pensou nas bonitezas que enfeitam as páginas do livro. Inspirou-se nas obras da incrível artista Sandra Hiromoto que integram a estamparia do cenário do Tchekhov. Cada ilustração ali tem o coração deste exímio ilustrador. E o Sergio, por sua vez, se preocupou de que a disposição visual dos textos, das ilustrações e das fotos, ficassem agradável aos olhos dos leitores. 

Tudo junto e misturado, o nosso livro foi pra gráfica. 

Eu não sei se vocês sabem, mas antes da gente imprimir de vez os 1.000 livros, fazemos a impressão do boneco. É, eu também não sabia que o nome disso é boneco, mas é. 

Imprimimos o primeiro boneco e não ficamos satisfeitos com o tamanho da página. Pedimos para aumentar e já que nessa hora ganhamos um tempinho, aproveitamos para adicionar algumas fotos extras. É que tenho que admitir, tinha tanta foto bonita, que a vontade era colocar todas, hehe. 

Finalizadas as alterações no tamanho do livro e inclusão de fotos, mandamos para impressão o segundo boneco. 

Foi o livro entrar pela porta que a equipe toda vibrou em comemoração! Uma etapa finalizada. Boneco aprovado!!!

Na semana seguinte, fomos até a gráfica para aprovar a cor da impressão oficial. Passamos uma tarde na gráfica, tomando café, conhecendo as máquinas, proseando com a equipe parceira da Multigrafic, enquanto as páginas impressas saíam quentinhas das impressoras. Eu nunca tinha visto uma máquina de impressão de livros e confesso que fiquei impressionada com a tecnologia para mistura de cores, a velocidade e todo o trabalho tecnológico e manual que acontece antes de um livro ocupar um lugar em nossa estante.

Depois dessa tarde agradável, onde todas as pessoas da equipe do livro tiveram a sensação de missão cumprida, voltamos para a sede da Ave Lola, sabendo que até o dia do lançamento, enquanto fazemos nossas tarefas diárias, aquelas máquinas de impressão imensas estarão trabalhando incessantes para que 1.000 unidades do nosso livro, fiquem prontos. 

Precisas uma semana e meia depois caixas e caixas chegaram no nosso escritório. Vou admitir aqui que a felicidade bateu forte. Mas o desespero também. Vocês tem ideia do que significa o volume de 1.000 livros impressos? Bom, eu posso te garantir que é muito e é grande. E como não tínhamos onde colocar tanta caixa, nossa única alternativa foi a que sucedeu dias depois: lançamos o livro num evento lindo, com pessoas de todas as partes da cidade de Curitiba. 

A Ana Rosa assinou livros para várias pessoas que conheciam o espetáculo e ficaram emocionadas ao verem um livro com a dramaturgia de uma peça que não volta em cartaz há mais de 06 anos. 

Fiquei feliz. Esse é o poder do papel, da caneta, da impressão. A imortalização de coisas efêmeras. E que boa coisa essa parceria da literatura com o teatro. Nos rendeu boas histórias. Se você leu esse texto e gostou, fala com a gente da Ave Lola e vem pegar seu livro! A gente tá doido pra te receber aqui na nossa sede e continuar essa conversa, olho no olho.

Laura Tezza | Produtora Executiva da Ave Lola

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